Arcanjo Renegado - Crítica da série - Todas temporadas

Acompanhe a história de Mikhael, um policial do BOPE que busca vingança pela morte de um amigo e se envolve no crime organizado do Rio de Janeiro.

TELA - RECOMENDO

12/9/202513 min read

Arcanjo Renegado – Uma jornada intensa pelo crime, justiça e dilemas morais no Rio de Janeiro

Descrição / Briefing:
Uma análise completa de Arcanjo Renegado, a série nacional que mistura ação, drama policial e política, mostrando a evolução de Mikael e o universo complexo do submundo carioca. Uma produção envolvente que prende da primeira à quarta temporada.

Onde assistir: Globoplay
Temporadas: 4
Lançamento: 2020

Por Cláudio – Tela e Ação

Arcanjo Renegado combina ação, drama policial e intriga política, criando um universo intenso e realista do submundo carioca. Ao longo de quatro temporadas, acompanhamos Mikael (Marcelo Melo Jr.) em sua luta para equilibrar justiça, lealdade e sobrevivência em meio à corrupção, crime organizado e conflitos pessoais. A série destaca a riqueza de personagens complexos, dilemas morais e evolução constante da narrativa.

Temporada 1

A primeira temporada estabelece o universo brutal, tenso e político que caracteriza Arcanjo Renegado. Aqui acompanhamos Mikhael Gomes Afonso (Marcello Melo Jr.), sargento do BOPE e líder da tropa de elite Arcanjo, reconhecido por sua precisão, frieza operacional e profundo senso de justiça. Sua vida dá uma guinada drástica após uma operação mal-sucedida, que desencadeia uma cadeia de eventos pessoais e institucionais que o colocam no centro de uma rede complexa de poder, vingança e manipulação.

Enquanto Mikhael tenta equilibrar o trauma da perda do parceiro e o impacto psicológico da operação, surge uma nova e inesperada conexão: o romance com Capitã Luciana Mayumi (Danni Suzuki), policial competente, emocionalmente forte e peça fundamental para o equilíbrio humano do protagonista. A relação entre os dois é construída de forma intensa e profundamente significativa para os caminhos dramáticos que virão ao longo da temporada.

Paralelamente, o jornalista investigativo Ronaldo Leitão (Álamo Facó) expõe a podridão por trás da violência urbana, desvendando esquemas políticos e militares que envolvem diretamente o Coronel Gabriel Santana (Leonardo Brício), chefe de Mikhael e figura ambígua que oscila entre mentor, aliado e potencial ameaça. É justamente no relacionamento entre Mikhael e Santana que reside um dos arcos mais ricos da temporada.

No campo político, a narrativa apresenta Manuela Berengher (Rita Guedes), deputada ambiciosa que ascende rapidamente e encontra em Mikhael não apenas um símbolo de força, mas um nome capaz de impulsionar seus próprios interesses. A tensão entre política e forças especiais é um dos motores dramáticos mais inteligentes da série.

Por fim, destacam-se os arcos periféricos, mas essenciais, como o do assessor Barata (Flávio Bauraqui), que adiciona camadas de imprevisibilidade ao enredo; a figura sábia de Dona Laura (Léa Garcia), que humaniza conflitos familiares; e os antagonismos militares compondo a intrincada teia que cerca o protagonista.

A temporada é intensa, ágil e com forte estética documental, entregando ação realista, conflitos éticos e poderosas discussões sobre violência, Estado e moralidade.

Principais personagens e arcos

Mikhael Gomes Afonso – Marcello Melo Jr.
Protagonista absoluto. Líder de operações especiais do BOPE. Seu arco gira em torno de honra, trauma, vingança e choque com o sistema político-militar.

Sarah Gomes Afonso – Erika Januza
Irmã de Mikhael. Traz a camada familiar e emocional que fundamenta a humanidade do protagonista. Sua presença reforça o impacto das escolhas de Mikhael em sua vida privada.

Ronaldo Leitão – Álamo Facó
Jornalista investigativo que se torna peça-chave na engrenagem de denúncias que envolvem política, milícia e forças de segurança. Sua atuação na trama é decisiva.

Coronel Gabriel Santana – Leonardo Brício
Chefe direto de Mikhael. Começa como figura de autoridade e mentor, mas suas motivações e alianças evoluem para zonas cada vez mais duvidosas.

Manuela Berengher – Rita Guedes
Política ambiciosa que busca poder a qualquer custo. Sua relação com Mikhael tem desdobramentos emocionais e políticos profundos — inclusive iniciando um romance já nesta temporada.

Capitã Luciana Mayumi – Danni Suzuki
Pilar emocional de Mikhael na primeira temporada. Compõe o arco romântico mais importante do protagonista até este ponto da série. É uma personagem essencial — e seu destino impacta decisivamente o rumo da trama.

Barata – Flávio Bauraqui
Personagem multifacetado, que oscila entre informante, aliado e figura perigosa. Representa bem o limiar entre o crime organizado e os agentes públicos.

Dona Laura – Léa Garcia
Figura de sabedoria e cuidado, trazendo profundidade emocional e contribuindo para os momentos de respiro dramático.

Temas centrais da temporada

  • Moralidade dentro das forças especiais

  • Abusos e disputas de poder institucional

  • Choque entre mídia, política e polícia

  • Corrupção e alianças obscuras

  • Violência urbana retratada de forma crua

  • Conflitos internos do protagonista

  • Peso das perdas pessoais e da lealdade

Expectativas para as temporadas seguintes

A partir do final da primeira temporada, a série:

  • escancara sua ambição dramática,

  • prepara mudanças radicais para Mikhael,

  • redefine alianças militares,

  • intensifica a interferência política,

  • e lança o gatilho emocional que repercute em TODA a jornada do protagonista.

2ª Temporada

A segunda temporada amplia substancialmente o escopo temático da série, mantendo o foco na violência urbana, nas tensões políticas e no papel das forças de segurança, mas adicionando novas camadas de geopolítica, conflitos morais e transformação pessoal.

1. Justiça versus Sistema

O eixo dramático continua orbitando o confronto direto entre a noção de justiça pessoal e a máquina institucional que, na maioria das vezes, opera de forma seletiva.
Mikhael (Marcello Melo Jr.), agora um ex-operador de elite marcado pela clandestinidade, retorna para um ambiente onde a lei é distorcida por interesses, alianças obscuras e disputas de poder.

A série reforça a tese de que, no Brasil, a justiça é frequentemente instrumentalizada — seja por figuras políticas como Manuela Berengher (Rita Guedes) e Coronel Gabriel Santana (Leonardo Brício), seja por autoridades religiosas como Bispo Marques (Thelmo Fernandes).

2. Ascensão Feminina e Resiliência

A trajetória de Sarah Gomes Afonso (Erika Januza) é um dos pilares temáticos da temporada. A entrada dela na polícia não é apenas uma resposta ao luto, mas uma metáfora para o protagonismo feminino dentro de um sistema arcaico, hostil e dominado por homens.

A presença de Diana Garcia (Ludmilla) reforça esse movimento, criando uma narrativa de irmandade, coragem e superação — sem romantizações.

Essa ampliação do núcleo feminino equilibra a série e cria novos pontos de identificação com o público.

3. Militarização e Privatização da Segurança

O trabalho de Mikhael em um grupo militar privado na África traz à série um tema que raramente é explorado de forma crua na televisão brasileira: o uso de forças paramilitares contratadas, mercenários, e a internacionalização da violência.

Esse elemento conduz a temporada para um universo geopolítico que vai além da fronteira do Rio de Janeiro, expandindo o escopo narrativo e elevando o grau de realismo.

4. Corrupção Estrutural

A política segue intrinsecamente ligada ao crime organizado, e personagens como Joana Toro (Aline Borges), Rodolfo Marcelo (Otto Jr.) e Gabriel Santana (Leonardo Brício) ilustram o modo como acordos, milícias e redes de influência moldam cada decisão dentro da segurança pública.

A série retrata um Brasil onde os limites entre Estado e crime organizado se confundem, criando tensão permanente.

5. Identidade, Traumas e Reconstrução

Tanto Mikhael quanto Sarah carregam traumas profundos. A temporada trabalha com:

  • culpa

  • perda

  • senso de pertencimento

  • busca por redenção

O retorno de Mikhael não trata apenas de vingança, mas de uma tentativa de reconstruir quem ele é num país que o transformou em inimigo.

6. Ação Realista e Conflitos Urbanos

O público do Tela e Ação é atraído por ritmo acelerado, operações táticas, perseguições e confrontos armados. A série entrega esse pacote com estética moderna e autenticidade militar rara na dramaturgia nacional.

7. Protagonistas Imperfeitos e Humanizados

Narrativas com anti-heróis — figuras moralmente ambíguas que lutam contra o sistema — sempre performam bem no bloco.
Mikhael se encaixa perfeitamente nesse arquétipo.

Sarah complementa isso ao trazer uma jornada emocional mais acessível, aproximando o público que busca identificação e sensibilidade.

8. Mistura de Política, Crime e Drama Familiar

Combinar vida pessoal, corrupção, disputas de poder e violência urbana cria um produto híbrido que atende tanto quem busca adrenalina quanto quem deseja profundidade socio-política.

A presença de personagens como Bispo Marques (Thelmo Fernandes), Manuela Berengher (Rita Guedes) e Gabriel Santana (Leonardo Brício) intensifica a conexão com espectadores habituados a narrativas sobre bastidores do Estado e das corporações.

Expectativas Geradas para as Próximas Temporadas

A temporada 2 deixa um campo vasto para expansão narrativa, com vários ganchos fortes:

Mikhael vs. Sistema – o confronto inevitável

O retorno ao Brasil cria um cenário onde Mikhael terá de:

  • limpar seu nome

  • enfrentar os responsáveis pela morte de Custódio

  • confrontar políticos, militares e religiosos envolvidos

  • sobreviver a uma rede de inimigos cada vez mais poderosa

Isso abre caminho para um arco de guerra declarada.

Evolução da carreira militar de Sarah

Com Sarah ganhando protagonismo, o público espera ver:

  • a ascensão dela na hierarquia

  • novos treinamentos táticos

  • conflitos com autoridades corruptas

  • possíveis dilemas morais ao descobrir segredos envolvendo Mikhael

Ela tende a se tornar peça central para o futuro da narrativa.

A expansão internacional

A presença de grupos militares privados e conexões africanas pode gerar:

  • novos antagonistas internacionais

  • operações fora do Brasil

  • ameaças transnacionais ligadas a armas, tráfico ou terrorismo

Esse caminho elevaria a escala da série para um patamar mais global.

Manuela Berengher e o jogo político

A posição da personagem interpretada por Rita Guedes deixa expectativa sobre:

  • sua ascensão no governo

  • possíveis alianças com o Bispo Marques

  • uso da máquina pública para perseguir Mikhael e Sarah

Essa frente política tende a crescer nas temporadas seguintes.

Expansão do núcleo tático

Com personagens como Diana (Ludmilla) e Galvão (Dilsinho Oliveira), a série ganhou novas possibilidades de missões e operações especiais. O público espera:

  • novos integrantes

  • maior detalhamento de técnicas

  • missões de alto risco

  • aprofundamento das relações dentro do batalhão

O destino de Mikhael: redenção ou tragédia?

A série trabalha com um protagonista que vive no limite. O público sai da 2ª temporada com uma pergunta clara:

Mikhael sobreviverá ao próprio caminho?

Esse suspense sustenta interesse orgânico pelas temporadas futuras.

Temporada 3

Na 3ª temporada, Arcanjo Renegado expande a escala da narrativa e leva Mikhael e sua luta contra a corrupção para novos territórios, novas frentes de batalha e novas alianças — incluindo crossovers inéditos com séries do Globoplay.

Núcleo Pará / Amazônia

Agora refugiado no norte do Brasil, Mikhael (Marcello Melo Jr.) vive em um assentamento amazônico sob constante ataque de produtores rurais violentos, grileiros e milícias ligadas a interesses econômicos na região.
Mais endurecido, mas também mais questionador, Mikhael enfrenta um dilema moral: proteger a comunidade e, ao mesmo tempo, não se transformar na mesma força opressora que combate.

Ele passa a contar com o apoio de figuras locais, entre elas Emily Westwood (Alli Willow) e outros agentes que conhecem a dinâmica de conflito fundiário da região.

Núcleo Rio de Janeiro – Polícia e Violência Urbana

No Rio, Sarah (Erika Januza) dá um passo definitivo em sua carreira militar, agora lidando não apenas com operações, mas também com violência de gênero dentro da própria corporação e nas comunidades.

Seu caso central envolve uma jovem brutalmente agredida pelo namorado, revelando a falência dos mecanismos de proteção e a resistência machista dentro da instituição.

Política – Governadoria, Assembleia e Milícias

A dimensão político-institucional atinge o ápice na série.

  • Manuela Berengher (Rita Guedes) tenta governar mesmo após a devastadora perda do filho, lutando contra pressões internas e externas.

  • Maíra Alonso (Cris Vianna), agora presidente da Assembleia Legislativa, confronta Manuela e recusa alianças que comprometam sua integridade.

  • O grande antagonista, Bispo Marques (Thelmo Fernandes), comanda um império criminoso composto por milícias, empresas fantasmas, lavagem de dinheiro e braços armados — infiltrados tanto no campo quanto nas cidades.

Convergência das Tramas – O cerco ao Bispo

Enquanto Mikhael descobre novas ramificações das operações do Bispo na Amazônia, Ronaldo Leitão (Álamo Facó) continua expondo esquemas e articulações criminosas no Rio.

A situação se intensifica quando a rede do Bispo começa a interferir diretamente no governo, nos batalhões militares e na vida dos personagens centrais.

Ação e Crossovers

Diante da escalada da corrupção e da violência, Mikhael se vê obrigado a reunir aliados de diferentes mundos, incluindo:

  • Carlos Mendonça (Silvio Guindane) e

  • Juliano Santiago (Erom Cordeiro), ambos de A Divisão;

  • Veronika (Roberta Rodrigues);

  • Inspetor Silvio (Belo);

  • Pedra (Raphael Logam).

Esse crossover amplia o universo compartilhado do Globoplay, criando uma força-tarefa informal contra o império criminoso do Bispo.

Confronto Final

A temporada culmina em um confronto violento envolvendo:

  • Polícia militar

  • Forças especiais

  • Grupos paramilitares

  • Aliados de Mikhael

  • Homens armados do Bispo

O embate resulta na queda temporária do Bispo Marques, mas deixa portas abertas para consequências futuras — inclusive possíveis desdobramentos transnacionais.

Expectativas Geradas para a 4ª Temporada

Com a prisão do Bispo Marques, a série planta várias pistas:

  1. Quem assume o império criminoso agora?

  2. O Bispo pode comandar tudo de dentro da prisão?

  3. A rivalidade Maíra x Manuela evoluirá para cooperação ou guerra política?

  4. Sarah terá um papel maior dentro da estrutura militar?

  5. Mikhael deixará o Pará definitivamente?

  6. Ronaldo sofrerá consequências mais diretas por suas publicações?

  7. O universo compartilhado continuará? Com quem?

As expectativas se voltam para:

  • novos antagonistas

  • expansão do conflito federal

  • operações maiores e mais perigosas

  • consequências do enfrentamento à milícia

  • possível ascensão de novos vilões políticos

A série se arma para uma temporada 4 muito mais ampla e possivelmente mais violenta.

4ª Temporada

A quarta temporada de Arcanjo Renegado representa um passo ousado na ampliação do universo narrativo da série. Depois de três temporadas centradas principalmente no conflito urbano fluminense, o enredo agora expande sua geopolítica criminal e coloca seu protagonista, Mikhael Gomes Afonso (Marcello Melo Jr.), diante de um novo tabuleiro onde crime organizado, interesses internacionais e desordem política convergem.

Um protagonista mais sombrio e complexo

Marcello Melo Jr. entrega aqui uma das versões mais densas de Mikhael. Longe do Rio de Janeiro, ele se desloca para a tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Bolívia, onde a série explora o funcionamento de rotas internacionais de tráfico. O ator mantém a intensidade física característica do personagem, mas acrescenta um desgaste emocional evidente — um Mikhael mais cansado, menos impulsivo e mais consciente das consequências de suas escolhas.

A dinâmica com Sarah Gomes Afonso (Erika Januza) recupera relevância. A personagem volta a ter função dramática e política, mediando a fronteira entre o mundo legalista e o universo violento em que Mikhael transita.

Política como motor da narrativa

Enquanto Mikhael atua fora do estado, o Rio de Janeiro vive sua própria implosão de segurança. A corrida eleitoral para o governo ganha protagonismo, com discursos inflamados, manipulação midiática e agendas de violência.

Nesse contexto, Ronaldo Leitão (Álamo Facó) e Coronel Gabriel Santana (Leonardo Brício) emergem como figuras centrais na articulação entre política e guerra urbana. A série acerta ao mostrar como a segurança pública se transforma em capital político, criando um pano de fundo tenso e realista.

O antagonista mais perigoso da série

O grande trunfo desta temporada é a introdução de Poke (Thiago Hypolito). O personagem chega como um divisor de águas: imprevisível, cruel e completamente avesso às regras tradicionais das facções. Se nas temporadas anteriores os inimigos seguiam códigos, Poke é o oposto — caos puro.

Thiago Hypolito surpreende com uma interpretação fria, quase animalesca, criando um antagonista que realmente parece impossível de controlar. Sua presença eleva o nível de ameaça da série e obriga Mikhael a operar fora da linha — ainda mais do que já costuma fazer.

Elenco de apoio funcionando como eixo da tensão

Vários personagens retornam ou ganham novos arcos relevantes:

  • Maira Alonso (Cris Vianna) e Joana Toro (Aline Borges) ampliam o debate institucional, expondo contradições internas da polícia e da política.

  • Bispo Marques (Thelmo Fernandes) volta como voz analítica e cética, sempre pontuando os limites éticos da operação.

  • Wendell (Fernando Pavão), Lincoln (Marcello Novaes) e Rodolfo Marcelo (Otto Jr.) compõem o núcleo de poder que articula interesses econômicos, militares e eleitorais.

  • Tay (Giullia Buscacio) e Danuza (Larissa Nunes) representam a camada jovem e vulnerável do enredo, vítimas colaterais do jogo político-criminal.

  • Elaine (Paloma Bernardi), Akemi (Carol Nakamura) e Yasmin (Giulia Benite) ampliam a diversidade de perspectivas dentro das tramas paralelas.

Até participações menores, como Jorge da Cunha (Stepan Nercessian), Remi (Renan Monteiro) e Ketlyn (Gracyanne Barbosa), contribuem para dar textura ao universo criminal e institucional.

A expansão geográfica – acerto ou risco?

A ida de Mikhael para a tríplice fronteira abre espaço para novas locações, novos métodos de operação e um clima mais internacional, aproximando a série de thrillers geopolíticos. É um acerto estético e narrativo, mas o ritmo às vezes sofre com a alternância entre a fronteira e o Rio.

Ainda assim, a direção mantém coerência: o que acontece em um território ecoa no outro.

Violência e realismo – marca registrada

A temporada permanece fiel ao estilo cru da série. As cenas de confronto são bem coreografadas, bruscas e sem glamour. O trabalho de fotografia reforça a brutalidade das operações, especialmente nas sequências de incursões lideradas por Mikhael.

A representação da política fluminense, com discursos oportunistas e estratégias de controle social, forma um retrato desconfortável — e bastante verossímil.

Pontos fortes

  • Poke é o melhor vilão da série até agora.

  • Expansão da trama para a tríplice fronteira traz frescor e escala maior.

  • Evolução emocional de Mikhael e Sarah.

  • Interpretações sólidas do elenco de apoio.

  • Representação realista do caos político-eleitoral.

Pontos fracos

  • Alguns arcos paralelos ficam subexplorados.

  • Alternância entre cenários às vezes fragmenta o ritmo.

  • Certas resoluções ocorrem rápido demais, como se parte do roteiro tivesse sido condensada.

Veredito

A 4ª temporada de Arcanjo Renegado é uma das mais ambiciosas da série. Ao colocar Mikhael (Marcello Melo Jr.) diante de um inimigo imprevisível como Poke (Thiago Hypolito) e inserir a crise da segurança pública no centro de um jogo eleitoral, a trama atinge seu ponto mais político, mais brutal e mais expansivo.

Mesmo com algumas irregularidades de ritmo, a temporada entrega intensidade, momentos memoráveis e mantém a essência que tornou a série um sucesso: a fusão entre thriller policial e drama social com personagens fortes, sempre ancorados por interpretações comprometidas.

É uma temporada madura, ousada e carregada de tensão — talvez a mais sombria e geopolítica de toda a franquia.

Conclusão e nota para Arcanjo Renegado(Temp. 1 a 4)

Depois de quatro temporadas, Arcanjo Renegado continua sendo uma das produções nacionais mais intensas, consistentes e bem executadas que já vi. A série cresce, se reinventa e nunca trata o espectador com superficialidade. É crua, é humana, é política, e entrega personagens que realmente deixam marca.

Se você ainda não assistiu, recomendo sem hesitar. Vale cada minuto — pela história, pela atuação e pela coragem de mostrar um Brasil que muitos preferem não enxergar. É uma produção que merece ser vista, comentada e reconhecida.

Nota 8,5/10 - Ótima