Triumph Street Triple 675: Design Polêmico, Pilotagem Irresistível

Se a Twister e a Bandit marcaram fases diferentes da minha vida, foi a Triumph Street Triple 675S 2015, branca, que me colocou de vez no universo das motos premium.

AÇÃO - NOSTALGIA

12/4/20255 min read

Eu e a "patroa" Viviane, num dos tantos rolês com a Zoiuda.

Triumph Street Triple 675 – A naked que abriu os olhos do Brasil para um novo tipo de performance

Quando a Triumph trouxe oficialmente a Street Triple 675 para o Brasil, ela não apenas colocou mais uma naked no mercado: ela apresentou ao público brasileiro uma nova forma de entender performance em duas rodas. Num cenário dominado por motos de quatro cilindros — como Honda Hornet, Yamaha XJ6, Bandit e a linha Z da Kawasaki — “ter quatro canecos” era quase um pré-requisito para ser considerada moto boa, moto de verdade. Só que a Street Triple chegou fazendo barulho… e não só pelo ronco metálico inconfundível: ela mostrou que três cilindros podem entregar o melhor dos mundos.

E foi exatamente isso que me conquistou quando comprei a minha Street Triple 675 2015, branca, carinhosamente apelidada de “Zoiuda” por causa do par de faróis peculiares. A moto tinha aquilo que a gente, apaixonado por duas rodas, reconhece na primeira volta: alma e personalidade.

Obs: Neste review, as imagens são fotos de arquivo pessoal, ou seja, da minha própria moto.

Uma naked premium de verdade

A Street Triple 675 era uma moto de categoria premium, mesmo na versão Standard (ou “S”), que foi a minha. Trazia:

  • Freios ABS

  • Suspensão invertida

  • Painel completo com computador de bordo e indicador de marcha, e até mesmo Lap Timer, para cronometrar suas voltas nos track days.

  • Acabamento impecável

  • Freio traseiro Brembo, e dianteiro Nissin, que apesar de “menos glamouroso”, era excelente. E os freios tinham aeroquip(mangueiras de freio reforçadas com malha de aço inoxidável), recurso das pistas, ajudando no desempenho.

  • Uma ciclística que fazia curvas com a leveza de uma 300 e a precisão de uma superesportiva.

Era uma naked compacta, ágil e extremamente obediente, com aquele comportamento elástico do motor que só os tricilíndricos da Triumph sabem entregar. Para uma moto de 675 cilindradas, ela parecia sempre disposta a subir de giro, mas sem aquele “silêncio até os 6 mil” típico das quatro-cilindros. Ela enchia cedo, respondia forte e ainda gritava bonito quando passava dos médios para os altos giros.

O tricilíndrico que mudou a percepção do brasileiro

Durante boa parte dos anos 2000 e meados dos 2010, motos boas eram sinônimo de quatro cilindros. Era quase um dogma. Mas a Street Triple ajudou a quebrar isso.
O motor de três cilindros entregava o torque cedo, como uma bicilíndrica, mas tinha elasticidade e giro que lembravam as quatro-cilindros — o melhor dos dois mundos. A 675 era a prova viva de que cilindros a mais nem sempre significam mais diversão.

Para completar, o câmbio sempre muito preciso e curto ajudava a explorar ao máximo o comportamento do motor, tornando a pilotagem extremamente envolvente, especialmente em estrada.

As gerações da Street Triple

A história da Street Triple pode ser dividida em três grandes fases:

1. A fase “faróis redondos” (2007-2011)

A era clássica, que formou a identidade da moto. Não veio para o Brasil com estes faróis. Era uma naked musculosa, minimalista e muito bem acertada.
Foi quando o motor 675 começou a conquistar fãs.

2. A fase 675 “zoiuda” – faróis redesenhados

Essa foi a geração que eu tive. Uma geração mais moderna, agressiva, com design marcante e identidade própria.
Dentro dela havia duas versões:

  • Street Triple 675 S (Standard) – a versão da minha moto.

  • Street Triple 675R – mais esportiva, com melhor suspensão, freios e ajustes finos

A 675R era mais radical, mas a S já entregava tudo que uma naked premium precisava.

3. A geração atual – 765

O motor subiu para 765 cilindradas, e hoje a Street Triple é oferecida em versões S, R e RS.
A RS, em especial, é o ápice da tecnologia da Triumph: eletrônica avançada, ciclística de pista e freios de altíssimo nível.
É uma evolução tão grande que coloca a Street Triple no panteão das melhores nakeds do mundo, não só do Brasil.

Irmã maior - Speed Triple

No Brasil, ela tinha também uma irmã maior, a Speed Triple 1050, que anos depois passou para 1200 cilindradas, acompanhando a evolução que a Street teve, mas que deixou de ser vendida ainda antes de 2020. Se você assistiu Missão Impossível 2, há um duelo entre o personagem do Tom Cruise pilotando uma Speed Triple 955i - que não chegou por aqui, com os famosos faróis redondos clássicos - contra o vilão pilotando uma Triumph Daytona, a esportiva carenada da marca inglesa.

Os pontos fortes da ST 675S — e o que realmente conquista

A Street Triple 675 era uma moto com várias virtudes marcantes:

  • Ciclística afiada: leve, rápida e muito intuitiva em curvas

  • Motor apaixonante: cheio em todas as faixas de rotação

  • Freios excelentes: especialmente o conjunto Nissin/Brembo

  • Agilidade urbana surpreendente para uma moto de quase 100 cv

  • Acabamento premium, que destoa das concorrentes japonesas da época

Ela era, acima de tudo, uma moto divertida, daquelas que fazem você procurar desculpa para sair de casa e dar uma volta.

Pontos fracos — e a vida real com ela

Nem tudo era perfeito, claro.

A suspensão dianteira, embora invertida, tinha curso curto demais. Em estradas esburacadas, cada irregularidade vinha direto nas mãos, deixando a pilotagem cansativa em trechos ruins de asfalto. Em piso bom, impecável; no piso ruim, dura demais.

Problemas crônicos — honestidade que todo review precisa

Como toda moto de personalidade forte, a Street Triple 675 também teve seus pontos sensíveis. Um dos problemas mais conhecidos nos primeiros anos de produção foi a presença de limalha de bronzina no cárter — um defeito grave, que indicava desgaste prematuro do motor. Esse problema afetou principalmente os modelos até 2013 e parte de 2014. A Triumph implementou revisões internas, e a linha 2015 já não apresentou mais esse defeito. A minha não teve este defeito, e até a venda dela, com 25 mil km, estava um relógio suíço(ou melhor, inglês, hehe).

No meu caso específico, tive outro detalhe incômodo: precisei substituir a campana da embreagem, porque ao deixar a embreagem solta surgia um chiado típico, como se houvesse uma folga interna. Acionando o manete, sumia o barulho.
Não chegou a comprometer o uso, mas por ser chato e cuidadoso, resolvi trocar.

Fora isso, a moto sempre se mostrou muito confiável, forte e prazerosa.

Ficha técnica – Triumph Street Triple 675 (2015)

  • Motor: 3 cilindros, 12V, injeção eletrônica.

  • Cilindrada: 675 cc

  • Potência: 85 cv

  • Torque: 6,1 kgfm

  • Câmbio: 6 marchas

  • Peso: 183 kg (aprox., em ordem de marcha)

  • Freios: Dianteiro Nissin / Traseiro Brembo

  • Suspensão: Dianteira com curso curto e traseira ajustável

  • Eletrônica: ABS, computador de bordo

  • Versões da época: 675S e 675R

Uma moto que marcou época e ainda ecoa hoje

A Triumph Street Triple 675 não foi apenas uma moto marcante para mim — ela foi um divisor de águas no mercado brasileiro. Rompeu o monopólio emocional das quatro-cilindros, mostrou que existia vida inteligente entre as 600 superesportivas e as nakeds urbanas, e apresentou ao público um novo conceito: o da naked premium compacta, extremamente dinâmica e cheia de personalidade.
A minha “Zoiuda” me marcou por tudo isso: pela precisão, pelo ronco, pela estética ousada e, principalmente, pela sensação de que cada curva, cada acelerada e cada viagem tinham um sabor especial. A Street Triple 675 é daquelas motos que, quando saem da sua garagem, deixam saudade por muito tempo — e continuam influenciando pilotos até hoje, agora na sua evolução natural de 765 cilindradas. Uma excelente escolha ainda hoje.